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Sabotador de Satélite é: Música Política Cultura & Nhe Nhe Nhem!
Deixo bem claro que não sou Hospedeiro - nessa página não há nada fora dos conformes, a princípio; só os links de acesso aos materiais indicados - sou apenas um Parasita. Olhem, bebam, desfrutem, rechacem!
(No más, a coisa ainda tá em construção...)

domingo, 7 de março de 2010

Videogramas de uma revolução (Harum Farocki e Andrei Ujica, 1991/92)


Trata-se de um ensaio audiovisual de Harum Farocki e Andrei Ujica, onde mostra um momento exato em que a história fissura: o ditador romeno Nicolae Ceausescu discursa para uma multidão, em mais um comício oficial, realizado para sustentar seu governo. Eis que, em meio à cobertura televisiva ao vivo, o olhar do ditador percebe algo, inquieta-se. A imagem da TV estremece, não simplesmente devido a uma falha técnica, mas porque é todo o espaço em torno que treme. Revoltada, uma multidão invade o local e começa a tomar as ruas e os prédios. O ditador pede calma. Como último recurso, a televisão corta a imagem para um fundo vermelho. A partir dessa cena fissurada, Videogramas analisa a política como uma logística das imagens: por meio de um amplo repertório de arquivo - fragmentos da mídia e vídeos amadores produzidos no calor dos acontecimentos -, o filme acompanha a queda de Ceausescu, que, após intensa revolta popular, culmina com sua execução em dezembro de 1989. Provocados pela experiência de Farocki e Ujica, o filme permite discutir algumas experiências audiovisuais de tom ensaístico que operam no âmbito das imagens em direto, ao vivo, próprias do espaço público midiático contemporâneo.



ABAIXAR FILME VIA BY TORRENT:



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O que não estamos a ouvir acerca do Haiti: petróleo


por Pakalert [*]



"Há prova de que os Estados Unidos descobriram petróleo no Haiti décadas atrás e que devido a circunstâncias geopolíticas e a interesses do big business foi tomada a decisão de manter o petróleo haitiano na reserva para quando o do Médio Oriente escasseasse. Isto é pormenorizado pelo dr. Georges Michel num artigo datado de 27/Março/2004 em que esboça a história das explorações e das reservas de petróleo no Haiti, bem como na investigação do dr. Ginette e Daniel Mathurin.


Também há boa evidência de que estas mesmas grandes companhias de petróleo estado-unidenses e seus monopólios inter-relacionados de engenharia e empreiteiros da defesa fez planos, décadas atrás, para utilizar portos de águas profundas do Haiti tanto para refinarias de petróleo como para desenvolver parques de tancagem ou reservatórios onde o petróleo bruto pudesse ser armazenado e posteriormente transferido para pequenos petroleiros a fim de atender portos dos EUA e do Caribe. Isto é pormenorizado num documento acerca da Dunn Plantation em Fort Liberté , no Haiti.


A HLLN de Ezili [1] sublinha este documentos sobre recursos petrolíferos do Haiti e os trabalhos do dr. Ginette e Daniel Mathurin a fim de proporcionar uma visão não encontrável nos media "de referência" nem tão pouco se encontra em qualquer outro lugar as razões económicas e estratégicas porque os EUA construíram a sua quinta maior embaixada do mundo — a quinta, após a embaixada dos EUA na China, no Iraque, no Irão e na Alemanha — no minúsculo Haiti, após a mudança do regime haitiano pelo governo Bush. Os factos esboçados na Dunn Plantation e nos documentos de Georges Michel, considerados em conjunto, desvelam razoavelmente parte das razões ocultas porque os Enviado Especial da ONU ao Haiti, Bill Clinton , está à ocupação da ONU o aspecto de que as suas tropas permanecerão no Haiti por longo período.


A HLLN de Ezili tem afirmado reiteradamente, desde o princípio da mudança de regime do Haiti em 2004 pelo regime Bush, que a invasão do país pelos EUA em 2004 utilizou tropas da ONU como suas procuradoras militares para esvaziar a acusação de imperialismo e racismo. Também temos afirmado reiteradamente que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA não se refere à protecção dos direitos haitianos, a sua segurança, estabilidade e desenvolvimento interno a longo prazo mas sim acerca do retorno dos Washington Chimeres [gangters] – os tradicionais oligarcas haitianos – ao poder, o estabelecimento de comércio livre injusto, o plano mortal dos Chicago boys, políticas neoliberais, manutenção do salário mínimo a níveis de trabalho escravo , pilhagem dos recursos naturais e riquezas do Haiti , para não mencionar o benefício da localização pois o Haiti está entre Cuba e a Venezuela. Dois países em que, sem êxito, os EUA têm orquestrado mudanças de regime mas continuam a tentar. Na Dunn Plantation e nos documentos Georges Michel, descobrimos e novos pormenores como a razão porque os EUA estão no Haiti com esta tentativa de Bill Clinton para que as ocupações da ONU continuem. Não importam os disfarces ou a desinformação dos media, trata-se também das reservas de petróleo do Haiti e de assegurar portos de águas profundas no Haiti como local de transbordo (transshipment) para petróleo ou para armazenagem de petróleo bruto sem a interferência de um governo democrático obrigado para com o bem-estar da sua população. (Ver Reynold's deep water port in Miragoane / NIPDEVCO property .)


No Haiti, entre 1994 e 2004, quando o povo tinha voz no governo, havia um intenso movimento das bases para conceber como explorar os recursos do país. Havia um plano, explicitado no livro "Investir no povo: Livro Branco de Lavalas sob a direcção de Jean-Bertrand Aristide" (Investir dans l'humain), onde a maioria dos haitianos "foi não só informada onde estavam os recursos, mas que não tinham as qualificações e tecnologia para realmente extrair o ouro, extrair o petróleo". O plano Aristide/Lavalas, como articulei na entrevista Riquezas do Haiti, era "empenhar-se em alguma espécie de parceria privada/pública. Nesta, seria considerado tanto o interesse do povo haitiano como naturalmente o dos privados que receberiam os seus lucros. Mas penso que isto foi naquele momento em que tínhamos St. Gevevieve a dizer que não gostavam do governo haitiano. Obviamente, eles não gostavam deste plano. Eles não gostam que o povo haitiano saiba onde estão os recursos. Mas este livro – pela primeira vez na história do Haiti – foi escrito em crioulo e em francês. E houve uma discussão nacional em todas as rádios do Haiti acerca de todos estes vários recursos do Haiti, onde estavam localizados e como o governo haitiano tencionava tentar construir desenvolvimento sustentável através daqueles recursos. Era o que acontecia antes de em 2004 Bush mudar o regime do Haiti através de golpe de estado. Agora, após o golpe de estado, embora o povo saiba onde estão estes recursos porque o livro existe, ele não sabe quem são estas companhias estrangeiras. Nem quais são as suas margens de lucros. Nem quais as regras de protecção ambiental e regulamentações irão protegê-los. Muitos, no Norte por exemplo, falam acerca da perda das suas propriedades, tendo vindo pessoas com armas e tomado a sua propriedade. É assim que estamos" ( Riquezas do Haiti: entrevista com Ezili Dantò sobre mineração no Haiti ).


Os media "de referência", possuídos pelas companhias multinacionais que espoliam o Haiti, certamente não exibem para consumo público o facto de que a invasão e ocupação do Haiti pela ONU/EUA é para assegurar o petróleo do país, posição estratégica, trabalho barato , portos de águas profundas, recursos minerais (irídio, ouro, cobre, urânio, diamantes, reservas de gás), terras, zonas costeiras, recursos offshore para privatização ou a utilização exclusiva de oligarcas ricos do mundo e de grandes monopólios petrolíferos dos EUA. (Ver mapa mostrando algumas das riquezas mineiras e minerais, inclusive cinco sítios de petróleo no Haiti; Oil in Haiti pelo dr. Georges Michel ; Excerto do documento Dunn Plantation ; o Haiti está cheio de petróleo , afirma Ginette e Daniel Mathurin. Há uma conspiração multinacional para tomar ilegalmente os recursos minerais do povo haitiano : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais, Is UN proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti ).


De facto, a actual autoridade-haitiana-sob-a-ocupação-EUA/ONU que encarregada de conceder licenças de exploração e mineração no Haiti não explica, de qualquer maneira relevante ou sistemática, à maioria haitiana acerca das companhias a comprarem, após 2004, portos de águas profundas no Haiti, que lucros partilham com o povo do Haiti, não explicam os efeitos ambientais das escavações maciças nas montanhas do Haiti e sobre as águas neste momento. Ao invés disso, o director de Mineração do Haiti alegremente sustenta que "novas investigações serão necessárias para confirmar a existência de petróleo no Haiti".


Num trecho retirado do artigo postado em 09/Outubro/200 por Bob Perdue, intitulado "Lonnie Dunn, third owner of the Dauphin plantation" , ficamos a saber que: "Em 8 de Novembro de 1973, Martha C. Carbone, da Embaixada Americana em Port-au-Prince, enviou uma carta ao Office of Fuels and Energy, Departamento de Estado, na qual declarava que o Governo do Haiti "... tem diante de si propostas de oito grupos diferentes para estabelecer um porto de transbordo para petróleo em um ou mais portos de águas profundas haitianos. Alguns dos projectos incluem a construção de uma refinaria..." Ela a seguir comentava que a Embaixada conhecia três firmas: Ingram Corporation de Nova Orleans, Southern California Gas Company e Williams Chemical Corporation da Florida.. (Segundo John Moseley, a companhia de Nova Orleans provavelmente chama-se "Ingraham", não Ingram.)


No número de 6 de Novembro de 1972 da revista Oil and Gas Journal, Leo B. Aalund comentava no seu artigo "Vast Flight of Refining Capacity from U.S. Looms",.: "Finalmente, o Haiti de 'Baby Doc' Duvalier está a participar com um grupo que quer construir um terminal de transbordo junto a Fort Liberté, no Haiti". Uma das propostas mencionadas por Carbone estava sem dúvida submetida aos interesses Dunn.


Além disso, ficamos a saber por este artigo que "a Lonnie Dunn que possuía a plantação Dauphin "planeou rectificar e ampliar a entrada da baía [Fort Liberté] de modo a que super-petroleiros pudessem nela entrar e a carga ser distribuída para petroleiros mais pequenos para transferência a portos dos EUA e Caribe que não pudessem acomodar navios grandes..." ( Foto de Fort Liberté, Haiti).


Inserimos no sítio web HLLN as outras partes relevantes deste documento que se referem ao interesse que corporações dos EUA têm tido, durante décadas, em Fort Liberté como porto de águas profundas ideal para multinacionais instalarem uma refinaria de petróleo. Nas décadas de 50 e 60 havia pouca necessidade dos portos ou do petróleo do Haiti pois do Médio Oriente jorravam dólares em abundância. Para os monopólios que ali actuavam não havia necessidade de enfraquecerem-se a si próprios colocando mais petróleo no mercado e cortarem os seus lucros. Escassez manipulada, teu nome é lucro! Ou, o que equivale dizer, capitalismo. Mas o embargo petrolífero da década de 70, o advento da OPEP, a ascensão do factor venezuelano, a Crise do Golfo seguida pela guerra pelo petróleo do Iraque, tudo isso tornou o Haiti uma aposta melhor para o fato de três peças e os mercenários militares chamados "governos ocidentais", sim, um meio mais fácil de colocar a pilhagem e o saqueio sob a cobertura pública do "levar a democracia" ou da "ajuda humanitária".


Por acaso, após a mudança de regime de 2004 promovida por Bush filho, a seguir ao golpe militar de 1991 de Bush pai, descobrimos torrentes de "discussões" no Congresso acerca de perfurações off-shore em preparação, com a "revelação" final, tal como escrito há anos no documento Dunn, de que "é necessário para os super-petroleiros que precisam portos de águas profundas os quais não estão prontamente disponíveis ao longo da Costa Leste dos EUA – assim como por considerações ambientais e outras que não permitem a construção de refinarias internas na escala em que serão necessárias". Enfatizamos que o Haiti é um local de despejo ideal para os EUA/Canadá/França e agora o Brasil , pois questões ambientais, de direitos humanos, de saúde e outras nos EU e nestes outros países provavelmente não permitiriam a construção de capacidade de refinação interna na escala em que as novas explorações de petróleo neste hemisfério exigirão. Assim, por que não escolher o país mais militarmente indefeso do Hemisfério Ocidental e salpicá-lo com iniciativas de desestabilização por trás da máscara "humanitária" da ONU e os paternais cabelos brancos de Bill Clinton com uma cara sorridente? É relevante notar aqui que a maior parte dos principais portos de águas profundas do Haiti foram privatizados a partir da mudança de regime promovida por Bush em 2004. Também é relevante notar que no ano passado escrevi um artigo intitulado Is the UN military proxy occupation of Haiti masking US securing oil/gas reserves from Haiti : "Se há reservas significativas de petróleo e gás no Haiti, o genocídio e os crimes dos EUA/Europa contra a população haitiana ainda não começaram. Ayisyen leve zye nou anwo, kenbe red. Nou fèk komanse goumen. (Reler Is there oil in Haiti , de John Maxwell.)


As revelações do dr. Georges Michel e dos documentos Dunn Plantation parecem responder afirmativamente à questão de que há reservas substanciais de petróleo no Haiti. E a nossa informação no Ezili Dantò Witness Project é que na verdade está a ser aproveitada, mas não para o benefício dos haitianos ou do desenvolvimento autêntico do Haiti. Eis porque havia a necessidade de marginalizar as massas haitianas através do derrube do governo democraticamente elite de Aristide e de colocar as armas e a ocupação da ONU que hoje mascaram os EUA/europeus (com uma peça para o novo poder que é o Brasil) assegurando as reservas de petróleo e gás do Haiti e outras riquezas minerais tais como ouro, cobre, diamantes e tesouros submarinos. ( Majescor and SACG Discover a New Copper-Gold in Haiti , Oct. 6, 2009; Ver Haiti's Riches e There is a multinational conspiracy to illegally take the mineral resources of the Haitian people : Espaillat Nanita revelou que no Haiti há enormes recursos de ouro e outros minerais.)


Hoje, os EUA e os europeus dizem estar felizes com os "ganhos de segurança" do Haiti e com o seu governo "estável". Quer dizer: as últimas eleições presididas pelos EUA/ONU no Haiti excluíram o partido maioritário de qualquer participação. As prisões do Haiti estão cheias, desde 2004, com milhares de organizadores comunitários, civis pobres e dissidentes políticos que os EUA/ONU etiqueta como "gangsters", detidos indefinidamente sem julgamento ou audiências. A Cité Soleil foi "pacificada". Desde 2004 há mais ONGs e organizações caritativas no Haiti – cerca de 10 mil – do que em qualquer outro lugar do mundo e o povo haitiano está muitíssimo pior do que antes desta civilização EUA/ONU (também conhecida como "Comunidade Internacional") e seus bandidos, ladrões e esquadrões da morte corporativos que cassam os direitos de nove milhões de negros. Os preços dos alimentos estão demasiado altos, alguns recorrem ao pão que o diabo amassou na forma de biscoitos Clorox para aliviar a fome. Lovinsky Pierre Antoine , o dirigente da maior organização de direitos humanos do Haiti, foi desaparecido em 2007 no Haiti ocupado pela ONU sem que qualquer investigação fosse efectuada. Entre 2004 e 2006, sob a ocupação ocidental, primeiro pelos Marines dos EUA e a seguir pelas tropas multinacionais encabeçadas pelo Brasil, de 14 mil a 20 mil haitianos, principalmente quem se opunha à ocupação e à mudança de regime, foram chacinados com impunidade total. Mais crianças haitianas estão fora da escola hoje em 2009 do que antes de vir a "civilização" EUA/ONG após 2004. Sob o regime imposto pelos EUA em Boca Raton, o Supremo Tribunal do Haiti foi despedido e outro completamente novo, sem qualquer autoridade constitucional emanada de mandato do povo do Haiti, substituiu os juízes legítimos e os funcionários judiciais sob a tutela da ocupação da ONU e da comunidade internacional.



(...) [1] Ezili: Marguerite Laurent/Ezili Dantò é dramaturga, poeta, comentadora política e social, escritora e promotora de direitos humanos. Nasceu em Port-au-Prince e foi educada nos EUA.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Rimbaud


"Traguei um bom gole de veneno - seja três vezes abençoada minha resolução! Minhas entranhas ardem. A violência do veneno contrai-me os membros, desfigura-me, arroja-me ao chão. Morro de sede, sufoco, não posso gritar, é o inferno, as penas eternas! Vede como o fogo se levanta! Queimo-me como convém. Vai, demônio!


- Rimbaud (1854-1891) - "Noite no Inferno"

domingo, 4 de outubro de 2009

La Negra Partiu


Abri a Internet hoje à tarde, 04 de outubro de 2009 e vi a manchete – La Negra partiu. Senti uma melancolia e uma porção de lembranças – lembranças de sentimentos. Mais uma morte... Sinto minhas utopias morrendo e, com certeza, hoje, mais uma parte delas também morreu.
Quando eu tinha 5 anos meu pai levou-me a um festival da canção ou coxilha, não sei ao certo, só sei que tinha uma cantora gordinha, com longos cabelos pretos. Parecia uma índia – e era. O pai me disse “Essa é a Mercedes Sosa, uma cantora argentina”. Não tenho lembrança de vê-la cantando, porque dormi durante o show, e nem sabia o que significava “argentina”, mas eu fui num show de Mercedes Sosa e depois descobri tudo.
Cinco mais dez e eu comprei um Cd de La Negra (hoje tenho toda a discografia). Agora sim eu sabia quem era a dita cantora e qual o significado de sua trajetória para a América Latina – América Latina, que palavra mais linda – “Nossotros somos la América Latina, somos uno, americana Pátria morena de vida e lucha compañeiro”. Na juventude (não que não seja mais), comecei a militância. E um militante que não conhece música latina não é verdadeiramente militante. È preciso que corra nas veias, a utopia libertária e a revolução sobre todas as coisas. É lógico que não nasci no período de chumbo, mas todos os sonhos deste período permearam a minha e outras vidas militantes de esquerda. Mercedes Sosa trouxe em suas músicas, letras que são um tributo a todos os amantes da liberdade e da solidariedade. Ela cantou para todos os irmãos latinos – “todos juntos”. Lutou no período de chumbo argentino, contra a ditadura em seu país e veio diversas vezes ao Brasil compor com Chico Buarque, Caetano, Beth Carvalho, Milton Nascimento e outros – lado-a-lado vozes contra os regimes militares; timbres fortes e letras irreverentes marcaram e ainda marcam a vida de muitos sonhadores.
Convicções – aprendemos o que é convicção, aprendemos o que é democracia e aprendemos o que é luta social. Quantas milongas cantamos de punhos cerrados ao ar querendo revolucionar o mundo e protestar contra o regime estadunidense. Mercedes Sosa foi um estímulo em minha vida, sem suas músicas não saberia o que é militância. Sou uma apaixonada por música e a música desta mulher povoou as minhas fantasias... Também queria ter um “unicórnio azul”; e em “Cancion para Carito”, ficava imaginando “que em Buenos Aires os sapatos são modernos”; com “Alfonsina y el Mar”, “viajei” diversas vezes com o som do piano e a letra por demais triste – uma despedida e assim conheci a poeta argentina Alfonsina Stormi; conheci León Gieco, conheci Violeta Parra, Bertold Brecht e aprendi, parcamente, o espanhol. Além de ouvir pela primeira vez a expressão “Luta Campesina”. E assim cantamos nos acampamentos do MST, e ocupamos nossas terras com facões e paus em punho “como pájaros libres” – “El grito de la tierra”.
Para aqueles que ainda lutam e que ainda acreditam na revolução (resistem), La Negra deixará muita saudade. Ela inspirou a “esquerda”, se é que ainda podemos chamar de esquerda, pois estamos muito mais para “esperança aos pobres prometida”. Não sei o que somos agora. Eles representaram algo... Nós ficamos à sombra de tudo. Digo, então, que a “esquerda” perdeu um braço – braço de poesia, de sonho e utopia. Mas a luta continua, a luta social é interminável, hermano. Fica a herança cultural inestimável. Lamento, mas o tempo passa e em cada abraço se perde sempre um pedaço. Deixemos que nos embale o consolo de pensar em unicornios, flores azuis, habitantes do fundo do mar e os sonhos inconscientes de Mercedes Sosa, pois ela cantou também o inconsciente. Letras carregadas de folclore, mitos e signos de sua cultura. Tambores cubanos e africanos, dialeto indigena e canto latino americano, uma mistura de ritmos permeada pelo sonho de liberdade. Viva la Terra! “Vengo a ofrecer mi corazón - Corazón Americano. Hasta la victoria, posto que traigo un pueblo en mi voz. Mas si se calla el cantor, calla la vida”.

PARA SABER MAIS:

* http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercedes_Sosa

* http://www.mercedessosa.com.ar/marcosmaster.htm

* http://mercedessosamusica.blogspot.com/

* http://www.geocities.com/TheTropics/9580/

domingo, 5 de julho de 2009

Music of the Crusades - 1970


Music of the Crusades - 1970
The Early Music Consort of London - David Munrow

1 - La quinte estampie realeAnon., French 13th century oriental shawn, nakers JB

2 -Pax in nomine Domini! Marcabru first crusade / 1137 tenor solo, chorus, treble & bass rebecs 3 - Parti de malAnon., French third crusade / 1189 counter tenor JB, citole

4 - Chevalier, mult estes guarizAnon., French second crusade / 1147 baritone solo, chorus, recorder, treble & bass rebec, tabor CH

5 - Chanterai por mon corageGuiot de Dijon third crusade / 1189 soprano, flute, lute, bass rebec, harp

6 - Danse RealAnon., French 13th century bagpipes solo

7 - Sede, Syon, in pulvereAnon., French c. 1195tenor solo

8 - PalästinaliedWalther von der Vogelweide sixth crusade / 1228 counter tenor JB, lute, harp

9 - Condicio - O nacio - Mane primaAnon., French 13th century 2 counter tenors, treble & bass rebecs, crumhorn, nakers CH

10 -O tocius AsieAnon., French crusade of 1248 2 counter tenors, treble & bass rebecs, organ

11 - La uitime estampie realeAnon., French 13th century treble rebec solo, bass rebec, citole, tabor JB

12 - Cum sint difficiliaAnon., French crusade of 1248 tenor, baritone, bells, organ

13 - Li noviaus tensLe Châtelain de Coucy third crusade / 1188-91 counter tenor JB, recorder, lute, bass rebec, harp

14 - Fortz chausa esGaucelm Faidit lament in the death of Richard Coeur-de-Lion 1199 tenor, bass rebec, lute, harp

15 - Je ne puis - Amors me tienent - VeritatemAnon., French 13th century 2 counter tenors, medieval bells, crumhorn

16 - Ahi! AmoursConon de Béthune third crusade / 1188tenor, treble & bass rebec, lute, tabor CH

17 - La tierche estampie realeAnon., French 13th century bass rebec solo, treble rebec, lute, tabor JB

18 - Ja nus hons prisRichard Coeur de Lion song of captivity 1194 counter tenor JB, harp

19 - Au tens plain de felonnieThibaut de Champagne crusade of 1239I. tenor, lute, treble rebecII. recorder, lute, rebec, tabor CH

Músicos Christina Clarke (soprano), James Bowman (countertenor), Charles Brett (countertenor), Nigel Rogers (tenor), Geoffrey Shaw (baritone), David Munrow (recorder, flute, shawn, crumhorn & bagpipes), Eleanor Sloan (treble rebec), Oliver Brookes (bass rebec), James Tyler (lute & citole), Gillian Reid (bells), Christopher Hogwood (harp, organ, nakers & tabor), James Blades (nakers & tabor)
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Esta é uma gravação da década de 70 – antiga..., mas o senso de ritmo e da sinceridade da execução ultrapassa décadas e claro, séculos. Neste disco há intérpretes que se tornarão famosos depois.
Para quem gosta de música medieval não pode deixar de fazer essa audição. E para quem procura coisas diferentes e adora umas traças entre os troços e só pegar e sair roendo.
É música “medieval sacra”, cristã, sei lá. Só sei que em honra ao paganismo é que não é.
O mais bacana é a pegadinha, saca só:
“Este disco foi gravado na época das cruzadas, lá pelos idos de 1095 e 1270. Sucessos da época que abrilhantavam as pilhagens e assassinatos cometidos em nome do cristianismo e do Papa”. Que belo!
As cruzadas, para quem não sabe, foram expedições militares organizadas pelos cristãos europeus para propagar o cristianismo, combater os muçulmanos e cristianizar territórios da Ásia Menor e Palestina e claro, abrir rotas comerciais terrestres pelo oriente; conquistar novos territórios e formar alianças para derrotar concorrentes feudais. Foram oito (8) o número de cruzadas. Eram formadas por reis, príncipes, cavaleiros, Papas. A primeira cruzada foi comandada pelo Papa Urbano II.
A trilha sonora cult, reproduzida ao som da flauta suave e encantadora nos da a dimensão desses momentos maravilhosos das cruzadas. Tudo bem, mas podemos pensar, também, nos cavaleiros templários em busca do Cálice Sagrado e dos momentos cundalines entre uns e outros templários. Mas só os iluminatis tem permissão de revelar o segredo. Imagina um cavaleiro templário tentando encontrar o ponto cundaline de outro cavaleiro, hum, que delícia, ainda mais ao som do tamborzinho e da flautinha, quase pagã.
Fora isso tudo que escrevi, o som é magnífico, para espíritos refinados, arrogantes e narcíseos. Aproveitem!
Qual seria a trilha sonora das cruzadas atuais – Palestina/Israel; Irã/Afeganistão; Iraque/EUA; entre outras???

SABOTADOR DE SATÉLITE diz: abaixa aqui a cruzada!

Este material foi contrabandeado do blogui: Criatura de Sebo

Visite o Homem Traça você também, tem coisas ótimas por lá, só não deixa a criatura te comer.
Nas palavras da Criatura de Sebo:
"Com a modernage internética, se você quer conhecer: baixa e ouve - se tem grana: compra - se não tem... a traça come”!
"Aproveite e dê sua roidinha!
Viva a brodagem blogueira!”

sábado, 13 de junho de 2009

15 Anos do Genocídio Em Ruanda na África

"PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA
PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!"
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Ocorreu em nossa época um dos maiores massacres da história humana: entre abril e julho de 1994, durante cem dias, estima-se (aproximadamente, pois o número pode ser maior) que 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas em Ruanda, na África. Uma espécie de guerra civil num contexto de rivalidade étnica com objetivos claros de eliminar todo um povo.
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Distinguem-se em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. A matança em Ruanda foi perpetrada pela maioria hutu contra a minoria tutsi. Para compreender melhor esse genocídio é aconselhável conhecer a história social e política de Ruanda, vá para wikipédia.
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O filósofo Bertrand Russell descreveu a situação em Ruanda como “o mais horrível e sistemático massacre que tivemos ocasião de testemunhar desde o extermínio dos judeus pelos nazistas”.
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Declarações explicitamente racistas eram toleradas nos meios de comunicação. A mídia local (rádio e jornal) instigou e apoiou o movimento hutu na matança dos tutsi. Nos anos 90 o meio de comunicação mais popular em Ruanda era o rádio. Este meio de comunicação foi usado na preparação do terreno para o massacre. Há exemplo do que a mídia local divulgava cito “Os Dez Mandamentos hutus”, que circularam amplamente e tornaram-se muito populares. O “oitavo mandamento”, o mais citado, dizia: “Os hutus têm de parar de sentir pena dos tutsis”. A propaganda racista também era divulgada em comícios de “conscientização”.
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As tropas das Nações Unidas não se mobilizaram e ofereceram pouca resistência aos assassinos. Por toda Ruanda, estupros e saques em massa acompanharam a matança. Centenas de milhares de hutus trabalharam como assassinos em turnos regulares. Todos foram chamados a caçar o inimigo. Houve massacres em escolas, hospitais e até mesmo em igrejas. Numa delas, localizada na montanha rochosa de Nyarubuye, dezenas de corpos cobriam o chão treze meses após a chacina. Em Mugonero, sete pastores (que estavam num hospital com duas mil pessoas que seriam atacadas) escreveram uma carta ao superior deles, na qual constava a expressão título de um livro do jornalista Gourevitch: “Desejamos informar-lhe que soubemos que amanhã seremos mortos junto com nossas famílias”.
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Na discussão sobre a justiça em Ruanda, o jornalista Gourevitch cita a questão da verdade objetiva: “A guerra a respeito do genocídio era uma autêntica guerra pós-moderna: uma batalha entre, de um lado, os que acreditavam que, já que as realidades que habitamos são construções da nossa imaginação, elas são igualmente verdadeiras e falsas, válidas e inválidas, justas e injustas, e, do outro lado, os que acreditavam que as construções da realidade podem – aliás, devem – ser julgadas como certas ou erradas, boas ou más. Enquanto os debates acadêmicos sobre a possibilidade da verdade objetiva são freqüentemente abstratos a ponto de atingir o absurdo, Ruanda demonstrou que se trata de uma questão de vida ou morte” (p. 302).
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Houve uma longa preparação para o genocídio. Em 1994, Ruanda era vista como um caso de caos e anarquia associados a Estados em colapso, mas, como escreve Gourevitch, “o genocídio era o produto da ordem, do autoritarismo, de décadas de teoria e doutrinação política moderna, e de um dos Estados mais meticulosamente administrados da história” (p. 114). O autor, também, comenta a afirmação de que o assassinato em escala industrial do Holocausto põe em questão a noção de progresso humano e de que sem toda aquela tecnologia os alemães não poderiam ter assassinado todos aqueles judeus. Entretanto, foram os alemães, não as máquinas, que realizaram a matança, sustenta Gourevitch. Em Ruanda, o subdesenvolvimento tecnológico não foi obstáculo ao genocídio: o povo era a arma; a população hutu inteira tinha de matar a população tutsi inteira, de acordo com os líderes do Poder Hutu.
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O Conselho de Segurança da ONU não foi capaz sequer de aprovar uma resolução que contivesse a palavra genocídio. A incompetência da ONU para resolver a crise em Ruanda é algo que deve ser sempre lembrado. Também é revoltante a escandalosa cumplicidade das autoridades políticas e militares da França na preparação e implementação da carnificina.
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O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda – uma das nações mais pobres da terra – com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
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O Primeiro Ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
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Quero lembrar que vários pastores e missionários da Igreja Adventista do Sétimo Dia (é muito comum as missões religiosas espalhadas por vários pontos do Continente Africano), também, contribuíram com as chacinas nos vilarejos onde “pregavam a palavra de deus”.
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Quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados. Talvez nunca se venha a saber quantos mortos o genocídio provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se forem 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país.
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Passados 15 anos, ainda existem casos para serem julgados por crimes contra a humanidade e os filhos de Ruanda, muitos órfãos, terão sempre e sempre a marca da dor. É interessante pensar que nos lembramos facilmente dos campos de concentração Nazistas e os horrores praticados pelos alemães – a Europa está sempre presente nos livros de história, a América do Norte, a Mãe Heróica. E o Continente Africano...? Só nos lembramos dos escravos e das savanas. A África é a mãe da humanidade e está morrendo, por que o homem branco e desbravador dos mares sugou até a última pepita de dignidade destes povos. A África virou o lixão do mundo capitalista e neoliberal. È bom lembrarmos disso nesse momento pré copa do mundo, futebol e muita tv, agora a África existe, com muitos pretos na frente da tela dos olhos brancos.
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O Jardineiro Fiel

quinta-feira, 11 de junho de 2009

PELA VIDA, PELA PAZ/ TORTURA NUNCA MAIS


Sugestão de vídeo no youtube: (Bem bacana vale a pena conferir)




O vídeo DITADURA, NUNCA MAIS é um panfletão eletrônico de 5 minutos. A sua construção observou três eixos:

1- A memória da Ditadura Militar no Brasil
2- A necessidade de se manter uma constante vigilância para se garantir a liberdade e a democracia
3- Mostrar que a luta continua:

PELA CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA:

- Abertura de todos os arquivos da repressão
- Responsabilização dos torturadores e assassinos da ditadura
- Instalação de uma Comissão da Verdade e da Justiça
- Pela descriminalização dos movimentos sociais

CONTRA A EXCLUSÃO SOCIAL:

- Por Justiça e pelo pão
- Pela Reforma Agrária
- Por saúde e educação


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Letra, música, interpretação e roteiro - NARCISO PIRES
Arranjo - Ederson Renaud
Direção de vídeo - Luiz Gaparovic

Narciso Pires é Presidente do Grupo Tortura Nunca mais - Paraná.
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Visitem o site:

Revista Caros Amigos – Ed. 146 - Maio 2009


Caros Amigos - Depressão na Sociedade do Vazio - Entrevista com a Psicanalista Maria Rita Kehl.
E mais...


Marilene Felinto rende homenagem à amiga querida Thaís S. Pereira.

Glauco Mattoso Porca Miséria.

Georges Bourdoukan considera legítima a resistência contra o Estado de Israel.

José Arbex Jr. fala do golpe da oligarquia Sarney contra Jackson Lago.

Gilberto Vasconcell os recorre a Darcy Ribeiro para interpretar Obama.

Marcos Bagno Falar Brasileiro.

Ferréz retrata o agito na favela para a instalação dos relógios de luz.

Renato Pompeu e suas Memórias de Um Jornalista Não-Investigativo.

João Pedro Stedile insiste que a crise é estrutural e precisa ser debatida.

Tatiana Merlino Por que a Justiça não consegue punir os ricos e poderosos.

Eduardo Suplicy recorre ao filósofo Philipp e Van Parijs para defender a renda.

A na Miranda comenta ensaio de Viveiros de Castro sobre a alm a indígena.

Hamilton Octavio de Souza, Entrelinhas.

Cesar Cardoso disseca os valores e a realidade da sociedade de consumo.

Entrevista com Brizola Neto A luta para regular o nióbio nacional.

Frei Betto critica a cegueira do G-20 no trato com a miséria.

Gershon Knispel lembra os monumentos dedicados às vítimas das guerras.

Fidel Castro pede a Barack Obama medidas para a suspensão do bloqueio.

MC Leonardo desvenda a ligação do jogador Adriano com a favela.

Ulisses Tavares acha que casamento é uma coisa e amor é outro troço.

Guilherme Scalzilli denuncia o cartel que extermina o futebol brasileiro.

Marcelo Salles Prefeitura aumenta a repressão aos pobres no Rio de Janeiro.

Plínio Teodoro A mídia grande abafou o caso da Camargo Corrêa.

Carolina Rossetti e Felipe Larsen Cultura debate Lei Rouanet e Profic.

Entrevista com José Padilha “Garapa” relata a fome por quem passa fome.

Emir Sader defende propostas concretas de substituição do modelo neoliberal.

Renato Pompeu, Idéias de Botequim.


Servidor: EasyShare

Idioma: Português

Tamanho: 7 mb

Formato: .Rar