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sábado, 13 de junho de 2009

15 Anos do Genocídio Em Ruanda na África

"PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA
PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!"
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Ocorreu em nossa época um dos maiores massacres da história humana: entre abril e julho de 1994, durante cem dias, estima-se (aproximadamente, pois o número pode ser maior) que 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas em Ruanda, na África. Uma espécie de guerra civil num contexto de rivalidade étnica com objetivos claros de eliminar todo um povo.
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Distinguem-se em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. A matança em Ruanda foi perpetrada pela maioria hutu contra a minoria tutsi. Para compreender melhor esse genocídio é aconselhável conhecer a história social e política de Ruanda, vá para wikipédia.
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O filósofo Bertrand Russell descreveu a situação em Ruanda como “o mais horrível e sistemático massacre que tivemos ocasião de testemunhar desde o extermínio dos judeus pelos nazistas”.
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Declarações explicitamente racistas eram toleradas nos meios de comunicação. A mídia local (rádio e jornal) instigou e apoiou o movimento hutu na matança dos tutsi. Nos anos 90 o meio de comunicação mais popular em Ruanda era o rádio. Este meio de comunicação foi usado na preparação do terreno para o massacre. Há exemplo do que a mídia local divulgava cito “Os Dez Mandamentos hutus”, que circularam amplamente e tornaram-se muito populares. O “oitavo mandamento”, o mais citado, dizia: “Os hutus têm de parar de sentir pena dos tutsis”. A propaganda racista também era divulgada em comícios de “conscientização”.
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As tropas das Nações Unidas não se mobilizaram e ofereceram pouca resistência aos assassinos. Por toda Ruanda, estupros e saques em massa acompanharam a matança. Centenas de milhares de hutus trabalharam como assassinos em turnos regulares. Todos foram chamados a caçar o inimigo. Houve massacres em escolas, hospitais e até mesmo em igrejas. Numa delas, localizada na montanha rochosa de Nyarubuye, dezenas de corpos cobriam o chão treze meses após a chacina. Em Mugonero, sete pastores (que estavam num hospital com duas mil pessoas que seriam atacadas) escreveram uma carta ao superior deles, na qual constava a expressão título de um livro do jornalista Gourevitch: “Desejamos informar-lhe que soubemos que amanhã seremos mortos junto com nossas famílias”.
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Na discussão sobre a justiça em Ruanda, o jornalista Gourevitch cita a questão da verdade objetiva: “A guerra a respeito do genocídio era uma autêntica guerra pós-moderna: uma batalha entre, de um lado, os que acreditavam que, já que as realidades que habitamos são construções da nossa imaginação, elas são igualmente verdadeiras e falsas, válidas e inválidas, justas e injustas, e, do outro lado, os que acreditavam que as construções da realidade podem – aliás, devem – ser julgadas como certas ou erradas, boas ou más. Enquanto os debates acadêmicos sobre a possibilidade da verdade objetiva são freqüentemente abstratos a ponto de atingir o absurdo, Ruanda demonstrou que se trata de uma questão de vida ou morte” (p. 302).
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Houve uma longa preparação para o genocídio. Em 1994, Ruanda era vista como um caso de caos e anarquia associados a Estados em colapso, mas, como escreve Gourevitch, “o genocídio era o produto da ordem, do autoritarismo, de décadas de teoria e doutrinação política moderna, e de um dos Estados mais meticulosamente administrados da história” (p. 114). O autor, também, comenta a afirmação de que o assassinato em escala industrial do Holocausto põe em questão a noção de progresso humano e de que sem toda aquela tecnologia os alemães não poderiam ter assassinado todos aqueles judeus. Entretanto, foram os alemães, não as máquinas, que realizaram a matança, sustenta Gourevitch. Em Ruanda, o subdesenvolvimento tecnológico não foi obstáculo ao genocídio: o povo era a arma; a população hutu inteira tinha de matar a população tutsi inteira, de acordo com os líderes do Poder Hutu.
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O Conselho de Segurança da ONU não foi capaz sequer de aprovar uma resolução que contivesse a palavra genocídio. A incompetência da ONU para resolver a crise em Ruanda é algo que deve ser sempre lembrado. Também é revoltante a escandalosa cumplicidade das autoridades políticas e militares da França na preparação e implementação da carnificina.
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O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda – uma das nações mais pobres da terra – com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
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O Primeiro Ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
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Quero lembrar que vários pastores e missionários da Igreja Adventista do Sétimo Dia (é muito comum as missões religiosas espalhadas por vários pontos do Continente Africano), também, contribuíram com as chacinas nos vilarejos onde “pregavam a palavra de deus”.
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Quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados. Talvez nunca se venha a saber quantos mortos o genocídio provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se forem 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país.
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Passados 15 anos, ainda existem casos para serem julgados por crimes contra a humanidade e os filhos de Ruanda, muitos órfãos, terão sempre e sempre a marca da dor. É interessante pensar que nos lembramos facilmente dos campos de concentração Nazistas e os horrores praticados pelos alemães – a Europa está sempre presente nos livros de história, a América do Norte, a Mãe Heróica. E o Continente Africano...? Só nos lembramos dos escravos e das savanas. A África é a mãe da humanidade e está morrendo, por que o homem branco e desbravador dos mares sugou até a última pepita de dignidade destes povos. A África virou o lixão do mundo capitalista e neoliberal. È bom lembrarmos disso nesse momento pré copa do mundo, futebol e muita tv, agora a África existe, com muitos pretos na frente da tela dos olhos brancos.
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O Jardineiro Fiel

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