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domingo, 8 de março de 2009

8 de Março: a mulher e os dogmas católicos


Garota de 9 anos foi violentada pelo padrasto que confessou o abuso. Ele seria o pai dos gêmeos que ela esperava. Foi confirmado pelos médicos que a atenderam que havia risco de morte caso a gravidez continuasse ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar. Assim que foi internada em uma maternidade pública do Recife, a menina começou a receber doses de um medicamento para interromper a gravidez. O aborto se consumou.


*Mas, para a equipe médica, não foi uma decisão simples. A realização do aborto passou a contar com oposição declarada da Igreja Católica. Assim que se confirmou o aborto, o arcebispo da cidade de Olinda e Recife, um integrante da ala conservadora da Igreja, excomungou a mãe, os médicos e outros envolvidos no aborto.


*O Vaticano apoiou decisão do arcebispo. Segundo o Conselho de Família da Igreja Católica, os médicos responsáveis pelo aborto legal na menina de 9 anos grávida de gêmeos fizeram uma escolha de morte. Apesar disso, o padrasto que violentou a criança não foi excomungado, porque a Igreja considera o estupro um pecado menos grave que o aborto.


*É justo questionar dogmas católicos


A Igreja Católica é composta por homens e mulheres de carne e osso. Como toda instituição viva, seus dogmas merecem contestação de quem pertence aos seus quadros, de quem já pertenceu e de que não pertence. Os de fora têm o direito de opinar sobre as decisões de uma instituição poderosa e que influencia o debate público no mundo inteiro. No Brasil, há separação entre Estado e igreja. Apesar disso, os religiosos se julgam no direito de criticar decisões legais, como o aborto de uma criança de 9 anos que foi estuprada. Ora, se podem meter o bedelho nas regras do Estado laico e democrático, podem também ouvir críticas aos seus dogmas.


*Nesse contexto, é absurda a excomunhão dos médicos e da mãe da menina estuprada pelo padrasto. Pior, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, disse que aborto é pior do que estupro. Os idiotas da subjetividade vão dizer que é assunto da Igreja Católica e ponto final. No direito canônico, o aborto é mais grave que o estupro. Quem é católico que se acomode, e os incomodados que se retirem. Esse discurso serve a um conservadorismo anacrônico que afasta cada vez mais a Igreja Católica do cotidiano de seus seguidores. É um erro considerar um meio católico ou um mau católico quem apoia a decisão de abortar nas circunstâncias em que se encontrava a menina de 9 anos. Ela pesa 30 quilos. Sua gravidez poderia matá-la. A lei brasileira permite aborto em caso de estupro e quando a vida da gestante está em risco.


*Há outro agravante: a menina é de uma região pobre do Nordeste, na qual o peso dos valores religiosos é maior do que em outras partes do Brasil. Uma condenação da Igreja Católica soa a uma espécie de sentença de morte religiosa. É uma pena que a Igreja Católica tenha abandonado a opção preferencial pelos pobres. O homem que deu início à caminhada dessa instituição milenar teria reparos a fazer à turma de Bento 16. (por Kennedy Alencar, jornalista e colunista da Folha Online)


*A briga é meio perdida, mas é preciso discutir a ampliação do direito ao aborto num país em que isso é questão de saúde pública. A mulher deve ter o direito de decisão. Legalizar mais amplamente o aborto, com limite até determinado tempo de gestação, não vai obrigar ninguém a tirar filho da barriga.


*Em apoio á equipe de médicos que salvou a vida da menina assine este manifesto que está na página da Comissão de Cidadania e Reprodução.

Do Blogui: FAZENDO ESTRELAS – http://fazendoestrelas.blogspot.com/

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