Aos Navegantes:

Sabotador de Satélite é: Música Política Cultura & Nhe Nhe Nhem!
Deixo bem claro que não sou Hospedeiro - nessa página não há nada fora dos conformes, a princípio; só os links de acesso aos materiais indicados - sou apenas um Parasita. Olhem, bebam, desfrutem, rechacem!
(No más, a coisa ainda tá em construção...)

Mostrando postagens com marcador humanidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador humanidade. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de junho de 2009

15 Anos do Genocídio Em Ruanda na África

"PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA
PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!"
****************
Ocorreu em nossa época um dos maiores massacres da história humana: entre abril e julho de 1994, durante cem dias, estima-se (aproximadamente, pois o número pode ser maior) que 800 mil a 1 milhão de pessoas foram mortas em Ruanda, na África. Uma espécie de guerra civil num contexto de rivalidade étnica com objetivos claros de eliminar todo um povo.
*
Distinguem-se em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. A matança em Ruanda foi perpetrada pela maioria hutu contra a minoria tutsi. Para compreender melhor esse genocídio é aconselhável conhecer a história social e política de Ruanda, vá para wikipédia.
*
O filósofo Bertrand Russell descreveu a situação em Ruanda como “o mais horrível e sistemático massacre que tivemos ocasião de testemunhar desde o extermínio dos judeus pelos nazistas”.
*
Declarações explicitamente racistas eram toleradas nos meios de comunicação. A mídia local (rádio e jornal) instigou e apoiou o movimento hutu na matança dos tutsi. Nos anos 90 o meio de comunicação mais popular em Ruanda era o rádio. Este meio de comunicação foi usado na preparação do terreno para o massacre. Há exemplo do que a mídia local divulgava cito “Os Dez Mandamentos hutus”, que circularam amplamente e tornaram-se muito populares. O “oitavo mandamento”, o mais citado, dizia: “Os hutus têm de parar de sentir pena dos tutsis”. A propaganda racista também era divulgada em comícios de “conscientização”.
*
As tropas das Nações Unidas não se mobilizaram e ofereceram pouca resistência aos assassinos. Por toda Ruanda, estupros e saques em massa acompanharam a matança. Centenas de milhares de hutus trabalharam como assassinos em turnos regulares. Todos foram chamados a caçar o inimigo. Houve massacres em escolas, hospitais e até mesmo em igrejas. Numa delas, localizada na montanha rochosa de Nyarubuye, dezenas de corpos cobriam o chão treze meses após a chacina. Em Mugonero, sete pastores (que estavam num hospital com duas mil pessoas que seriam atacadas) escreveram uma carta ao superior deles, na qual constava a expressão título de um livro do jornalista Gourevitch: “Desejamos informar-lhe que soubemos que amanhã seremos mortos junto com nossas famílias”.
*
Na discussão sobre a justiça em Ruanda, o jornalista Gourevitch cita a questão da verdade objetiva: “A guerra a respeito do genocídio era uma autêntica guerra pós-moderna: uma batalha entre, de um lado, os que acreditavam que, já que as realidades que habitamos são construções da nossa imaginação, elas são igualmente verdadeiras e falsas, válidas e inválidas, justas e injustas, e, do outro lado, os que acreditavam que as construções da realidade podem – aliás, devem – ser julgadas como certas ou erradas, boas ou más. Enquanto os debates acadêmicos sobre a possibilidade da verdade objetiva são freqüentemente abstratos a ponto de atingir o absurdo, Ruanda demonstrou que se trata de uma questão de vida ou morte” (p. 302).
*
Houve uma longa preparação para o genocídio. Em 1994, Ruanda era vista como um caso de caos e anarquia associados a Estados em colapso, mas, como escreve Gourevitch, “o genocídio era o produto da ordem, do autoritarismo, de décadas de teoria e doutrinação política moderna, e de um dos Estados mais meticulosamente administrados da história” (p. 114). O autor, também, comenta a afirmação de que o assassinato em escala industrial do Holocausto põe em questão a noção de progresso humano e de que sem toda aquela tecnologia os alemães não poderiam ter assassinado todos aqueles judeus. Entretanto, foram os alemães, não as máquinas, que realizaram a matança, sustenta Gourevitch. Em Ruanda, o subdesenvolvimento tecnológico não foi obstáculo ao genocídio: o povo era a arma; a população hutu inteira tinha de matar a população tutsi inteira, de acordo com os líderes do Poder Hutu.
*
O Conselho de Segurança da ONU não foi capaz sequer de aprovar uma resolução que contivesse a palavra genocídio. A incompetência da ONU para resolver a crise em Ruanda é algo que deve ser sempre lembrado. Também é revoltante a escandalosa cumplicidade das autoridades políticas e militares da França na preparação e implementação da carnificina.
*
O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda – uma das nações mais pobres da terra – com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
*
O Primeiro Ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
*
Quero lembrar que vários pastores e missionários da Igreja Adventista do Sétimo Dia (é muito comum as missões religiosas espalhadas por vários pontos do Continente Africano), também, contribuíram com as chacinas nos vilarejos onde “pregavam a palavra de deus”.
*
Quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados. Talvez nunca se venha a saber quantos mortos o genocídio provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se forem 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país.
*
Passados 15 anos, ainda existem casos para serem julgados por crimes contra a humanidade e os filhos de Ruanda, muitos órfãos, terão sempre e sempre a marca da dor. É interessante pensar que nos lembramos facilmente dos campos de concentração Nazistas e os horrores praticados pelos alemães – a Europa está sempre presente nos livros de história, a América do Norte, a Mãe Heróica. E o Continente Africano...? Só nos lembramos dos escravos e das savanas. A África é a mãe da humanidade e está morrendo, por que o homem branco e desbravador dos mares sugou até a última pepita de dignidade destes povos. A África virou o lixão do mundo capitalista e neoliberal. È bom lembrarmos disso nesse momento pré copa do mundo, futebol e muita tv, agora a África existe, com muitos pretos na frente da tela dos olhos brancos.
*
O Jardineiro Fiel